DRENOS VETERINÁRIOS: O QUE SÃO E COMO UTILIZAR?
Os drenos veterinários são dispositivos recomendados e utilizados em feridas para eliminar o acumulo de secreções e fluidos corporais, ou utilizados profilaticamente quando o acúmulo de secreção é provável, devido ao espaço morto ou em feridas localizadas em áreas de muita movimentação.
O acúmulo de fluido em uma ferida pode se tornar prejudicial, por:
• Atuar como um meio para o crescimento de bactérias – favorecendo a infecções;
• Retardar o processo de cicatrização – prejudicando a aderência e coaptação dos tecidos que precisam cicatrizar em conjunto;
• Criar pressão positiva dentro da ferida favorecendo um desconforto e dor local - consequentemente diminuindo fluxo sanguíneo local.
Os drenos veterinários podem, na maioria dos casos ser benéficos, porém também podem aumentar o risco de infecção por serem uma porta de entrada em ferimentos considerados limpos, apesar de serem fabricados com materiais biocompatíveis (látex, silicone) são considerados corpos estranhos o quais interferem com o mecanismo de defesa do indivíduo.
A utilização do dreno não substitui um debridamento e a lavagem, principalmente em feridas sujas que contenham infecção, corpos estranhos ou tecidos com potencial de necrose, nestes casos faz-se necessário o tratamento preferencialmente de forma aberta e com curativos absorventes e que potencializem a formação de tecido de granulação, em vez de serem prematuramente fechados sobre um dreno.
Drenos devem ser utilizados e recomendados com cautela em locais onde foram removidos neoplasias devido ao potencial de semeadura de células tumorais ao longo do dreno. Se o dreno for utilizado após ressecção do tumor, deve-se sair com o mesmo próximo da borda da ferida em um local que possa ser facilmente ressecado ou irradiado se as margens limpas não forem obtidas.
CLASSIFICAÇÃO DOS DRENOS
Basicamente os drenos são classificados como passivos ou ativos, vamos entender melhor cada um deles:
Drenos passivos ou também chamados de drenos abertos – eles removem o fluido da ferida por meio de uma combinação de uma pressão tipicamente mais alta na ferida em combinação com a gravidade e a ação capilar ao longo da superfície do dreno.
A drenagem dependente deve ser estabelecida para que esses drenos atuem de forma eficaz. O dreno passivo mais comumente utilizado na medicina veterinária é o dreno de Penrose, que geralmente é composto de látex e está disponível em diversas apresentações (diâmetros/comprimento).
Devido ao fato do fluido fluir ao longo do lado externo do dreno, e não realmente através dele, a sua eficácia acaba sendo reduzida.
Tubos com paredes mais rígidas podem ser utilizados, mas não oferecem nenhuma vantagem real porque o fluido ainda flui ao longo da superfície do dreno e não por dentro dele.
Os drenos passivos são de fácil acesso e normalmente custam muito menos do que os sistemas de drenagem ativos, porém são menos eficazes na eliminação do fluido e podem causar uma irritação da pele no local de saída do dreno principalmente devido ao acúmulo de umidade local.
Drenos ativos ou também chamados de drenos de sucção ativa/fechada - são utilizados atualmente como primeira escolha por muitos cirurgiões porque são mais eficientes na eliminação do fluido da ferida, permitindo ter sua saída em local que seja conveniente, permitindo uma maior proteção ao reservatório de drenagem.
As desvantagens desse tipo de dreno incluem aumento do custo e complicações que podem afetar o desempenho do dreno e exigir intervenções para manter o funcionamento apropriado do mesmo. Os sistemas de drenagem ativos podem ser improvisados ou encontrados prontos para o uso. O Dreno tipo Jackson-Pratt é comumente utilizado na medicina veterinária principalmente fora do Brasil, fato este provavelmente ligado a dificuldade de acesso e ao alto custo dos produtos disponíveis no mercado nacional. Dentro do mercado nacional, a Tradevet é responsável pela comercialização desse modelo de dreno, que pode ser encontrado clicando aqui!
Uma alternativa à esse dreno, seria a utilização de tubo de silicone (5-6mm diâmetro) que podem ser customizados (cortados) em qualquer comprimento e esterilizados. As fenestrações do tubo são realizadas na extremidade distal do dreno com uma tesoura, conforme o tamanho do leito a ser drenado (tamanho da ferida). O dreno então é conectado a um reservatório de drenagem - tipo granada ou tipo sanfona que podem ser adquirido separadamente.
Outra alternativa de reservatório que também pode ser utilizado são seringas grandes (20-60ml). Uma agulha 18g ou maior pode ser utilizada para criar um orifício(s) ao longo do êmbolo, e a seringa pode ser conectada ao dreno. A pressão negativa pode ser estabelecida puxando o êmbolo, e o travamento do embolo realizado com a colocação da agulha através do(s) orifício(s) no êmbolo.
Drenos ativos também podem ser utilizados para feridas pequenas sendo feitos utilizando scalp e tubos de coleta de sangue. O tubo pode ser esvaziado ou ser substituído quando estiver com mais da metade preenchida, desta maneira ainda há a patência da pressão negativa.
DRENOS ATIVOS TIPO JACKSON-PRATT
O dreno de sucção ativa tipo Jackson Pratt , é um dreno que consiste em um tubo de silicone, fenestrado, flexível, conectado por um tubo não fenestrado a um reservatório comprimível (chamado de granada devido ao seu formato). A extremidade fenestrada do dreno (que é colocada no leito da ferida) pode ter em uma variedade de larguras podendo ser chato ou redondo. As fenestrações direcionam o fluido para a porção não fenestrada do tubo e, em seguida, para o reservatório. A granada/reservatório possui uma válvula unidirecional para impedir o movimento retrógrado do fluido, seus tamanhos variam de 100 a 400 ml.
FOTO: DRENO JACKSON PRATT TRADEVET.
IMPLANTAÇÃO DO DRENO - PASSO A PASSO
Como com qualquer colocação/implantação de um dreno, a técnica asséptica é essencial durante o procedimento e manuseio do mesmo.
Luvas estéreis devem ser utilizadas ao manipular o dreno e reservatório na implantação bem como no momento de retirada do mesmo.
1 - Escolha do local de saída do dreno - Após o desbridamento e lavagem copiosa da ferida, ou ao término de um procedimento extenso onde exista a probabilidade de formação de liquido, devido ao espaço morto, escolha um local de saída do dreno em pele saudável, onde:
• Seja fácil de cobrir o local de saída;
• Exista facilidade em manter o reservatório junto ao corpo do paciente;
• Seja confortável para o paciente.
Exemplo: um bom local de saída para um ferimento na região de abdômen caudolateral, seria onde o dreno saia dorsalmente ao ferimento, o que permite ao clínico um fácil acesso ao tubo e reservatório (em vez de trabalhar sobre o cão ou próximo ao membro posterior, se o dreno sair ventralmente ou lateralmente, respectivamente) permitindo que o cão possa se deitar em decúbito lateral ou esternal sem comprometer o dreno ou possivelmente sujar o local de saída.
Não é recomendável utilizar a saída do tubo na própria incisão, por possíveis complicações, como:
• Impossibilidade ou interferência na vedação hermética da ferida
• Interferir na cicatrização, aumentando a chance de deiscência
• Aumento do risco de infecção da ferida
2 - Após determinado o local de saída do dreno (aprox. 2 cm do bordo cutâneo), faça uma pequena incisão com uma lâmina de bisturi n°15 na pele e com a ajuda de um pinça hemostática perfure a pele com a mesma pela incisão em direção a ferida. A incisão com o bisturi deve ser mínima, somente o suficiente para poder penetrar com a pinça hemostática – dessa forma minimiza-se as chances de escape de ar e perda da pressão negativa.
Utilizando a ponta da pinça, apreenda a ponta distal do tubo (parte não fenestrada) puxando o tubo não fenestrado para fora da ferida. Coloque a extremidade fenestrada do dreno no leito da ferida, onde o fluido possa ter mais chance de se acumular.
Obs - Lembrar que toda a área fenestrada do dreno deverá estar sob a pele, portanto, dentro da ferida quando a mesma estiver fechada, podendo a extremidade do dreno ser cortada conforme necessário.
Realize uma sutura em bolsa de tabaco (ex. Nylon 2-0) na pele ao redor do local de saída para manter o tubo fixo e que o mesmo não se mova bem como se mantenha a vedação do local.
INFORMAÇÕES IMPORTANTES
• Realize a sutura inicial onde o tubo naturalmente se encontra contra o corpo para evitar dobra quando o tubo for puxado em direção a sutura.
• Deixe ambas as pontas da sutura em bolsa com tamanhos iguais para usá-los em uma sutura tipo bailarina/sapatilha chinesa.
• Uma fixação adicional para maior segurança pode ser realizada com a utilização de uma borboleta fixadora no tubo e/ou utilizar grampeador de pele ou uma nova sutura na pele
• Feche a ferida em várias camadas conforme necessário, lembrando de não prender ou perfurar/penetrar o dreno no momento da realização das suturas.
• Corte o excesso do tubo externo para um comprimento que permita a manipulação conveniente do reservatório se necessário.
• Prenda com segurança a extremidade não fenestrada do tubo à conexão com a válvula unidirecional do reservatório.
• Para ativar o reservatório, realize a compressão da mesma para extrair todo ar pela porta/conexão de evacuação, feche a porta de evacuação com o tampa embutida e libere a compressão.
• Desta forma ocorrerá uma drenagem ativa por pressão negativa exercida dentro do reservatório quando o mesmo pela memória do material “tenta” retomar a sua forma original, essa pressão negativa é então exercida através do tubo e no dreno dentro da ferida.
• Resíduos de fluídos resultantes da lavagem da ferida bem como alguma quantidade de ar residual podem causar um preenchimento do reservatório logo após a realização do primeiro vácuo, se isto ocorrer esvazie o reservatório e repita a ativação do vácuo novamente ou até que a pressão negativa seja estabelecida.
• Cubra o local de saída do dreno com um curativo adesivo para evitar possível entrada de bactérias ao redor do tubo. Recomenda-se a utilização de roupa cirúrgica ou bandagem no paciente para proteger o tubo externo e o reservatório, evitando possíveis danos externos ao sistema, e mantenha o paciente com colar elisabetano se necessário.
MANUTENÇÃO DO DRENO
Monitore a quantidade e a qualidade do fluido no reservatório, iniciando com verificações a cada 2 horas para permitir uma estimativa da taxa de produção de fluido da ferida, depois, a cada 6 horas ou conforme necessário.
Esvazie e reative o reservatório pelo menos uma vez ao dia ou sempre que estiver com pelo menos metade da capacidade preenchida, uma vez que a força e capacidade de sucção (pressão negativa exercida pelo reservatório) diminui conforme o mesmo é preenchido.
Esvaziando o reservatório (granada):
• Limpe a porta secundária com álcool 70;
• Abra e conecte uma seringa à porta secundária;
• Evacue a granada com a seringa. Alternativamente, se um PRN foi colocado na porta secundária, limpe o PRN com álcool e aspire o fluido com uma agulha e seringa.
• Reative o dreno conforme descrito anteriormente. A realização de uma citologia diária pode ser recomendada em uma amostra da secreção para monitorar o estado de inflamação ou infecção da mesma.
REMOÇÃO DO DRENO
A remoção do dreno deverá ser realizada ou deverá ser recomendada quando o exsudato da ferida seja seroso ou ligeiramente serossanguinolento bem como que a produção de secreção seja compatível com a evolução de melhora e diminuição da quantidade com o passar dos dias.
A remoção precoce do dreno aumenta o risco de formação de seroma, portanto, a remoção do mesmo deve ser baseada principalmente na condição da produção deste exsudato e não no tempo em que o dreno está implantado. A quantidade máxima de tempo que um dreno pode ser mantido ainda não foi estabelecida porém exige-se um bom senso e uma avaliação crítica de quando o mesmo deverá ser retirado. A recomendação de manutenção do drenos ativos em geral é uma produção de exsudato acima de 0,2 ml/kg/hora – quando a produção de secreção for abaixo disto existe a recomendação de remoção do dreno.
SOLUÇÃO DE PROBLEMAS
Se o dreno não estiver mantendo a pressão negativa, certifique-se de que:
• O reservatório está fixado apropriadamente ao tubo;
• Presença de furos/orifícios na parte externa do tubo (ex. mastigação do tubo paciente ou da agulha usada para a sutura em bolsa).
• Entrada de ar pela entrada do tubo na ferida (adicionar suturas ou grampos reforçando a vedação do tubo com a saída do dreno).
• O dreno poderá obstruir por coágulos de sangue, fibrina, pus ou tecido, embora devido ao grande número de orifícios do mesmo, isto seja incomum.
Se houver uma possível obstrução:
• Certifique-se que não tenha nada obstruindo externamente o tudo (clamps, torneira 3 vias) e que o mesmo não esteja dobrado.
• Esvazie o dreno, reative a pressão negativa, conecte ao tubo e verifique se a pressão negativa é mantida e o mesmo aspira a secreção da ferida.
• Se o tubo permanecer obstruído o sistema poderá ser lavado com solução salina estéril morna (aprox 20ml) utilizando sempre uma técnica estéril. Isso só deve ser feito apenas após considerar cuidadosamente se manter o dreno funcional é mais importante do que o risco potencial de introdução de contaminantes na ferida.
Drenos que não estão funcionando devem ser removidos, pois sua presença pode aumentar a quantidade de fluido da ferida e o risco de infecção.
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Dreno de Silicone Redondo, Tipo Blake, tamanho 10 Fr, estéril, Uso Veterinário
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Dreno de Silicone Chato, Tipo Blake, tamanho 8 mm, estéril, Uso Veterinário
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Dreno de Silicone Chato, Tipo Blake, tamanho 11 mm, estéril, Uso Veterinário
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Dreno de Silicone, Tipo Jackson-Pratt, tamanho 10 mm, estéril, Uso Veterinário
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